A cremação é uma técnica funerária amplamente utilizada durante a história, tendo suas origens possivelmente associadas a fins sanitários, principalmente em casos de mortes por doenças contagiosas. Comumente empregada em religiões orientais, tais como o Hinduísmo e Budismo, a cremação ainda é proibida pelo Islã e pelo Judaísmo, enquanto a Igreja Católica, que antes proibia a cremação de seus fiéis, hoje aceita tal decisão, mas recomenda insistentemente que se conserve o costume de sepultar os corpos.
Embora tal assunto não tenha sido tratado nas Obras Básicas, estudiosos da Doutrina Espírita concordam que o Espiritismo não condena a cremação ou qualquer outra técnica funerária, pois acredita que o corpo material é apenas uma vestimenta que utilizamos enquanto estamos encarnados. Por outro lado, como descrito por Kardec (1), para as pessoas cuja vida encarnada foi prioritariamente material, o processo de desencarne pode ser demorado, sendo que o desprendimento do Espírito pode durar alguns dias, semanas e até meses, período no qual a pessoa pode experimentar as sensações da decomposição e, neste caso, da cremação. Nesse contexto, em entrevista (2), Chico Xavier explicou que a cremação não é proibida pela Doutrina Espírita, mas sugeriu a espera de pelo menos 72 horas para a sua execução.
Considerando que, independentemente da técnica funerária aplicada, as sensações pós-desencarne podem ser extremamente desagradáveis para as pessoas que ainda são muito ligadas à matéria, devemos compreender que o mais importante não é o fim dado aos nossos despojos materiais, e sim como experienciamos a nossa vida no plano material. Que possamos fazer uso da matéria de forma consciente e responsável, entendendo que a nossa verdadeira riqueza sempre é espiritual.
1. O Livro dos Espíritos: Questão 155.
2. Programa Pinga-Fogo: TV Tupi (1971)
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