Considerado crime pelo código penal brasileiro (DECRETO-LEI Nº 2.848/1940, artigos 124 a 128) e reprovado pela maioria das religiões, o aborto intencional tem sido alvo de intensas discussões, principalmente no que tange ao direito de escolha da mulher.
Embora a Doutrina Espírita defenda a liberdade como uma lei divina, ela nos explica que “desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta” (1). Dessa forma, mesmo que uma pessoa acredite estar exercendo o seu direito de escolha ao interromper uma gestação, essa ação seria uma desrespeito à liberdade daquele que se prepara para reencarnar. Por isso, segundo o Espiritismo, “uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, pois isso impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando” (2). Ademais, a Doutrina Espírita nos alerta de que todas as ações têm consequências, as quais, embora estejam repletas de aprendizados, podem trazer dor e sofrimento para todos os envolvidos.
Em contrapartida, apesar da Doutrina Espírita deixar claro a sua posição contrária ao aborto, ela também nos esclarece sobre o ensinamento cristão de não julgar o próximo, entendendo que “a autoridade para censurar está na razão direta da autoridade moral daquele que censura” (3). Assim, compreendendo que todos somos falíveis e temos a possibilidade de nos arrependermos de nossas ações, precisamos avaliar o peso de nossas próprias ações, sempre buscando a prática do respeito e do amor ao próximo, independentemente das falhas que ele tenha cometido.
1 e 2. O Livro dos Espíritos: (1) Questão 826; (2) Questão 358.
3. O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. 10)
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